"A decapagem inicialmente foi feita usando água, não levando à emissão de poeiras mas, entretanto, numa fase mais recente, passou a ser feita de forma exclusivamente seca, e isso levou a uma libertação muito significativa de poeiras, que resultam, por um lado, da areia muito fina que está a ser aplicada e também dos próprios produtos que estão a ser decapados", afirmou o vice-presidente da Quercus, Francisco Ferreira. ."Neste tipo de operações há realmente uma grande diferença do que fazemos, utilizando, por exemplo, água para evitar a emissão de poeiras ou quando nós a fazemos a seco e obviamente aí a emissão é muito significativa", explicou..Segundo a Quercus, o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR tomou hoje conta da ocorrência.."Hoje de manhã, e depois da intervenção do SEPNA, o empreiteiro sabia que as operações não podiam continuar e tivemos a confirmação da Petrogal que os trabalhos foram suspensos. Quando forem retomados, será feita uma avaliação para confirmar que a situação que estava a ocorrer não volta a causar danos ambientais, principalmente no que diz respeito à emissão de partículas", disse Francisco Ferreira.."A Quercus teve oportunidade de contactar com a Petrogal, em Sines, e felizmente fomos informados de que as operações foram suspensas, tendo sido comunicado ao empreiteiro que não poderiam continuar a ocorrer enquanto não se verificasse que efectivamente as condições todas do ponto de vista ambiental estavam a ser asseguradas", acrescentou..Contactado pela Agência Lusa, o porta-voz da Galp, Pedro Marques Pereira, garantiu no entanto que já desde segunda-feira de manhã que "os trabalhos estão suspensos" mas que "o estaleiro está montado no local".."A empreitada estava adjudicada a uma empresa que estava obrigada à utilização de areia molhada na decapagem e que deixou de usar a certa altura", disse..Como a empresa, ao recorrer a "areia seca não estava a cumprir o contrato", a Galp "deu indicações de que não poderiam continuar"..Os trabalhos de decapagem "deverão ser retomados logo que possível", disse o porta-voz da Galp, e sob a "supervisão de um responsável da refinaria de Sines".Segundo o responsável da Quercus, "face às queixas que foram feitas e face à intervenção dos serviços de protecção da natureza da GNR e também duma avaliação feita", a Petrogal informou a associação ambientalista de que "hoje já não deveria estar a decorrer qualquer operação de decapagem".."De acordo com alguns contactos que tivemos, aparentemente esta manhã ainda estavam a decorrer alguns trabalhos mas, durante a tarde, já foi confirmado que não há qualquer operação a decorrer e acreditamos que seja essa a situação neste momento", acrescentou..Francisco Ferreira explicou ainda que "a decapagem sem recorrer ao uso de água" provocou "danos" que "se estendiam" por "muitos metros e com potenciais implicações para o ambiente envolvente e para as próprias pessoas, que respirariam essas poeiras".."Os trabalhos assim não estavam em condições de poder continuar, portanto achamos bem que tenha sido suspenso e que, numa próxima fase, todas as operações, seja com que método for, sejam devidamente acompanhadas e avaliadas no seu impacto para não causar prejuízos nem ao ambiente nem às pessoas que se encontram ou que circulam próximo", concluiu..A decapagem, trabalho que vai sendo feito ao longo dos quilómetros do oleoduto entre o Porto de Sines e a refinaria da Galp, estava nesta altura a ser efectuada próximo da entrada da cidade de Sines.